quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Cachorro manso também morde


Segunda-feira é dia de trocar os curativos e fui ao consultório do Dr. Rolf. Entre um papo e outro sua assistente contou a história de um bebê que é tratado lá. 
Um dia,  a família deste bebê estava brincando com o cachorro  Golden Retriever. Jogavam bola para o cão correr, pegar e devolver. Jogaram 1, 2, 3 vezes.  Ele mordeu a bola como fez várias vezes, sacudiu a bola de um lado para o outro, brincando... várias vezes .... Só que o cachorro não percebeu a diferença entre a bola e a cabecinha do bebê  que na época tinha apenas oito meses. 
Podemos imaginar o estrago... 
Hoje o bebê está com 3 anos e ótimo. 
O que vale nesta história é o cuidado.
Até o cachorro fofo, manso e dócil pode 
ser algoz  de uma fatalidade.
Quanto a mim, combatendo uma infecção na lesão do nariz e uma pequena melancolia. Estou vivendo um dia de cada vez.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Botando as coisas no lugar.


Aquela noite de chuva e angústia parecia não ter fim. Tanto$ trâmite$ para a internação que o pensamento agora mudou para como pagarei isso tudo? Ilude-se quem pensa que vivo às custas de família! Trabalho desde os 15 anos, momento em que meus pais se desentenderam de vez e quem acabou pagando o pato fui eu e, do dia para a noite, precisei me manter ainda adolescente. Mas eu nunca tive educação financeira, nem recebia mesada, nem tive uma família em que o pai e a mãe têm trabalhos regulares, para os quais acordamos cedo, temos salário, férias, 13º, etc então não tive referência, o que é muito importante para um futuro mais tranquilo financeiramente. Minha mãe não trabalhava e meu pai tem uma profissão na qual trabalha-se aos finais de semana e para o qual não há rotina. Foi muito difícil para mim chegar até aqui! 
Bem, mas eu tenho uma grande amiga, que não tem obrigação nenhuma comigo, nem da minha família é, e disse que eu não me preocupasse pois ela arcaria com todos os custos, afinal era a minha saúde que estava em jogo. Imagina que pessoa generosa! Somos apenas amigas! Nestas horas é que sabemos com quem podemos contar!
Passada a preocupação com a carteira, minha cabeça ficou livre para se preocupar com a cirurgia, que ocorreu as seis da manhã seguinte.
Cheguei no centro cirúrgico. Vi o médico sentado num canto, colocaram-me as meias anti trombose e o anestesista começou a me apagar! Foram os 10 ou 15 segundos mais prazeirosos de toda a história! Acho que é aquela a sensação de quem se droga... Muito doida, apaguei!


domingo, 14 de setembro de 2014

Não leve nada para o lado pessoal



Faz alguns dias que não posto a evolução de meu acidente. Pura falta de tempo! Ou excesso. Porque, quanto mais o tempo sobra, mais deixamos os afazeres para depois, não é mesmo?
Mas aconteceu um fato curioso, que merece reflexão. Antes de continuar, devo dizer que propositalmente  escondi minha cicatriz atrás do cabelo, na foto. Mais adiante espero que fique claro.
No meio de tantas mensagens de encorajamento na minha página no Facebook bem como na fan page da Marmitinha, tanto carinho e oração, uma xará se incomodou com a minha exposição. Fiquei intrigada, pois ela diz que é muita necessidade minha de aparecer.Talvez. 
O que refleti sobre minha exposição é que, de fato estou com necessidade de aparecer, mais do que isso, é uma enorme necessidade de afago, de aconchego, de colo. Fui acometida por uma fragilidade que há muito não sentia, a finitude da vida como conheço. 
Minha mãe mora longe, meu pai tem a vida dele. Amigos trabalham.  Meu filho amado, mora no Rio! Meus irmãos distantes, cada um com seus próprios problemas. Claro que recebi visitas de gente querida. Mas estou em minha clausura forçada e já que não posso ficar exposta ao sol, devo mastigar alimentos macios e ainda não dá para gargalhar (coisa que eu adoro), me restou a comunicação com o mundo exterior através das redes sociais. É uma forma menos solitária de passar por este problema e receber carinho de pessoas que nem conheço mas que torcem por mim.
Mas voltando ao fato do incômodo da xará. É de fato um incômodo dela. Não sou psicóloga, mas não é difícil de imaginar que ela mesma tenha algum problema com sua imagem, já que sua foto do perfil no Facebook é de costas onde só mostra os lindos cabelos longos, não mostra seu rosto.
O que quer que nos aconteça, não devemos levar para o lado pessoal. Se eu levasse o comentário desta moça para o lado pessoal, certamente envenenaria minha mente e meu coração com algo que não me diz respeito. É a opinião dela! Não posso ter a presunção de que outros saibam o que está no MEU mundo. "O que dizem, o que fazem e as opiniões que emitem, são de acordo com os compromissos que as pessoas possuem em suas mentes. O ponto de vista deles provém de toda a programação que receberam durante a domesticação (leia-se educação)". (Don Miguel Ruiz)
Existem pessoas que captam nossa atenção com uma pequena opinião e injetam todo o veneno que desejam; como levamos para o lado pessoal, acabamos aceitando tudo!
É como aceitar o lixo emocional de alguém e fazer dele seu lixo também.
Aqui, eu também estou opinando de acordo com a minha própria domesticação, e nada tem a ver com quem quer que seja. Não tem a ver com nenhum de vocês.
Geralmente, o que pensam a meu respeito não me incomoda, pois sei que sua opinião pode mudar de acordo com seu humor. Hoje você pode me admirar, porque está feliz com sua própria  vida. Mas, se amanhã você estiver contrariado, provavelmente sua opinião a meu respeito poderá mudar.
Nós nunca seremos responsáveis pela ação dos outros. Só somos responsáveis por nós mesmos. E, desde quando comecei a compreender esta realidade, recuso-me a ser atingido por comentários descuidados ou pela ação de terceiros. 
A propósito, já tirei todos os pontos. Agora estou com pontos falsos para que a cicatriz não alargue. E se o resultado não for o que eu espero, de certo isto levarei para o lado pessoal!



terça-feira, 9 de setembro de 2014

Vamos passear?

No meio de anta confusão, acabei ficando muito tempo sozinha, o que foi bom, pois pude refletir.
Duas horas antes estava trabalhando e bem, neste momento estava fragilizada e insegura, sem saber ao certo o que o futuro me reservava. Parei para pensar em uma frase: Deus escreve certo por linhas tortas! Como não crer nisso? Como não escutar o que Ele nos fala? Sinceramente eu estava agradecida de estar viva!
Meus pensamentos foram interrompidos por um homem grisalho (me recuso a falar senhor... rs) de calça jeans, camisa branca, muito enérgico que se apresentou como cirurgião-plástico! O primeiro-cirurgião plástico a gente nunca esquece! Dr. Rolf. 
Rapidamente, pediu aos enfermeiros que tirassem o curativo, providencial, porque o sangue já estava escorrendo do curativo na minha blusa. E, de novo: -"Nooooossa o que vc fez?" Esta frase já estava  me dando nos nervos! 
Eu estava tranquila, não pensava em nada de ruim, por incrível que pareça, e ouvi atentamente o procedimento:
"Alessandra, é o seguinte: você perdeu muito tecido da sua 'hemiface' direita e cortou muito profundamente mais embaixo atingindo o lábio superior. Você será internada e faremos a cirurgia de reconstrução com anestesia geral .......... " 
Já não consegui escutar. RECONSTRUÇÃO? como assim? Anestesia Geral? Não! Foi só um corte, vc é cirurgião e vai fazer uma linda sutura, aqui mesmo e vou voltar para minha casinha!
Fizeram outro curativo e eis que meu pai surge. Lindo, de terno e a gravata azul que eu dei! O médico desenhou, explicou, conversou e todos estávamos de acordo. Vamos lá para mais uma cirurgia! Fui transferida de ambulância para outra unidade do hospital. Nunca tinha andado de ambulância. Meu pai e a Kika, minha boadrasta, ficaram comigo até fecharem a porta. E lá fui eu para meu passeio de ambulância.
O enfermeiro que me acompanhou é músico e toca numa banda. Claro que nosso papo até o hospital foi como é difícil a carreira de artista, tudo que eu queria naquele momento!


segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Quem vai ficar com Mary?





Chegando ao Hospital, fui direto para a triagem. Érica correu para chamar um enfermeiro para me atender que logo quis ver o tamanho da lesão. Impressionante como as pessoas da área de saúde ADORAM ver uma "sanguinolência"! Pela cara do rapaz, eu entendi tudo... O negócio estava feio! Fui passando de mão em mão e todos me olhavam com a mesma cara incrédula! Lascou, pensei!

Me sentia como Ben Stiller no filme "Quem vai ficar com Mary", quando o zíper da sua calça prende aquele lugar e todos tentam ajudá-lo, mas quando olham para a cena: - OH MEU DEUS! COMO VOCÊ CONSEGUIU ISSO? (assista o vídeo abaixo, pena que não tem legenda).





O Primeiro médico que chegou, um gastro, disse a real: - A senhora (por que insistem em me chamar de senhora?) teve um trauma com uma grande lesão com perda de tecido. Eu não posso fazer pois vai precisar de reconstruir este pedaço da face. Se eu operá-la e suturar seu rosto como suturo estomago a senhora (DE NOVO) não vai gostar. Consegui rir, mas aumentou o medo!

Enquanto eu estava sendo atendida, em um box ao lado a Érica estava sendo socorrida com um pico de pressão alta! Hilário, se não fosse trágico!

Aos poucos a família foi sendo avisada e logo a emergência estava pegando fogo com a chegada do Papi Soberano. Lívido, me beijou e ouviu a história. Fofo, se dividiu entre os dois leitos, o meu e o da Erica!

domingo, 7 de setembro de 2014

Cortou! Mas não foi nada!

Nos primeiros minutos de desespero, o único pensamento que eu tinha era: vou ficar feia! 
Pensamento mais idiota! Fútil! E eu não sou fútil!
Chorei como nunca! Não sentia dor física, apenas uma enorme sensação de desamparo, de pequenez diante da vida. Me apiedei de mim! Que dó! Eu estava tão feliz! Tão bem!
No trajeto até o hospital, uma chuva torrencial nos atingiu! O rapaz me consolava (vou chamá-lo de Thiago) enquanto a cliente (faz de conta que é Érica) dirigia. Mas, além da chuva que castigava o carro, Érica é míope, 18 graus em uma vista, e tem só 10% de visão na outra vista! Aventura redobrada!
Ela simplesmente errou todas as entradas, estava mais nervosa do que eu neste momento, e passeamos bastante debaixo do toró. Eu lambia minhas feridas, amuada no canto do carro, sem lenço nem documento. 
Thiago, no alto de sua generosidade, disse que diante do ocorrido, eu deveria agradecer. Ele, homem, racional, conseguiu enxergar além daquele drama. Meus olhos estavam intactos, e minha garganta íntegra!!!!!!
Neste momento, algo se descortinou a minha frente: DEUS estava comigo naquele momento e evitou um mal maior!

Tropeçando


Os convidados já haviam partido e fiquei só com a dona da casa, enquanto seu afilhado ia até o carro procurar um celular esquecido.
Falávamos de como as pessoas gostaram de ter estado lá e de que deveríamos repetir a dose.
Geralmente, retiro os alimentos que sobraram e dispenso para evitar contaminação, então recolhi o que restou e resolvi deixar os copos todos na cozinha, com água, para facilitar o trabalho da moça que trabalha na casa no dia seguinte, .
Coloquei todos os copos na bandeja. Arrumei como um quebra-cabeça para não ter que ir e vir muitas vezes.
Eu calçava tênis e calça jeans, não estava alcoolizada, mas estava feliz e relax. Depois que consegui encaixar tudo sobre a bandeja, não sei bem ao certo o que aconteceu: se tropecei, se enrolei o pé no tapete ou se esbarrei na mesa de centro.
Caí. Caí sobre todos aqueles copos, taças... Um tombo impressionante!!!!
Em uma fração de segundos, durante a queda, tanta coisa se passou em minha mente.... O que "está" acontecendo? Será que vou me machucar? Estou caindo DE NOVO! Vou quebrar todos os copos!
Nada foi pior do que não sentir dor, porque NÃO doeu. O que senti foi a umidade  da minha carne cortada dentro da minha boca. Isso me apavorou.... E o silêncio de segundos que sempre acontece após uma tragédia, me abraçou e me aterrorizou ainda mais.
ME AJUDA! ME AJUDA! Eu gritei repetidas vezes! Uma toalha pelo amor de Deus! Me ajuda! O que aconteceu? Me ajuda!!
Uma cena tão insólita, tão surreal que impactou minha cliente de tal forma que ela ficou sem ação. Ela simplesmente não conseguia me olhar. Eu gritava: uma toalha! uma toalha! Corri a casa a procura de uma toalha... Espelhos! Espelhos por toda parte! Eu dizia: eu não quero me ver! Eu não quero me ver!!!!!!!
Enquanto eu percorria a casa a procura de um banheiro sem espelho (qual banheiro não tem um espelho?), a cliente ligou para a portaria, seu afilhado chegou e sua reação não podia ter sido melhor. "Alê, cortou mas não foi nada." kkkkk

Antes de tropeçar

Era uma terça-feira como outra qualquer, quando me ligaram pedindo que fizesse às pressas um coquetel para recepcionar poucas pessoas.
Como adoro um desafio, saí correndo e preparei um mini-coquetel para oito com produtos prontos, algumas adaptações e criatividade para poder impressionar... rs
Fui à casa da cliente, montei tudo e corri novamente para me arrumar e poder estar presente durante a recepção.
Tudo correu muito bem até então. Os convidados gostaram do que apresentei, todos se divertiam. Tudo estava perfeito. Estranhamente perfeito...
Hj posso ver...